Ontem estava sentado no metrô a caminho de casa, na volta do trabalho. Foi um dia difícil. minha esposa havia perdido o emprego. A empresa onde trabalho estava passando por problemas e meu salário poderia ser reduzido. Não sabia entender por que tudo aquilo estava acontecendo.
Ao meu lado havia uma criança, uma menina de uns 10 a 13 anos, não saberia definir. As crianças atualmente nem sempre são o que parecem. Algumas têm a mente melhor que a de um adulto. Ela estava sozinha.
Abri meu livro e comecei a ler. Percebi que a criança me olhava interessada. Essa cena perdurou por uns 10 minutos, talvez mais, não saberia dizer. E a criança insistentemente me olhava. No clímax de sua curiosidade ela não se aguentou e me perguntou:
- Senhor, por que é que você lê o livro de cabeça para baixo?
De cabeça para baixo? Eu pensei. Sim, o livro estava de cabeça para baixo. Por que? Por que não percebi isso antes? Não saberia responder. Por que eu nunca sei de nada? Sempre fico em dúvida sem saber o que fazer.
A criança não esperou pela resposta. Pegou o livro, o virou e me entregou de volta sorrindo. Mesmo assim eu não o consegui ler. Cheguei em casa e me peguei a noite pensando na criança. Consegui entender que as dúvidas são para todos, mas como enfrentá-las depende de cada um.
As crianças são seres curiosos que quando não sabem algo perguntam ou fazem. Quebram a cara ou acertam, mas elas se movem na vida. Conforme ficamos adultos o sentimento de coragem se passa e o medo de agir toma conta desse novo ser. É preciso parar de não saber o que fazer e começar a agir, mesmo que seja pra errar. A vida não pode esperar você ler o livro de cabeça para baixo.
Bruno O. Ribeiro
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