março 10, 2011

A Folha e O Vento


A FOLHA E O VENTO
Bruno O. Ribeiro

Da janela do quarto vejo as folhas balançando com o vento. Parecem rendas de um vestido feito no mais belo molde do melhor artesão. E o vestido balança, suave. Não vê o tempo passar. Deixa fluir. De repente uma folha cai e desmancha toda a sincronia do orquestrado arranjo. Não fosse pela simples beleza da natureza, mas o momento estava propício a deixar a cena perfeita. O vento passava de leve, uma brisa, mas a pobre folha não resistiu e caiu.

Uma folha tem o incrível destino de ser renovada e não acabar nunca. Talvez o mais belo ciclo de todos. Ela cresce aos poucos, se tornando esbelta, como a pequena bailarina buscando a perfeição. E fica ali, presa por uma ponta, a se movimentar pelo sopro da brisa, em um único lugar, como a bailarina rodopia na ponta do pé.

E vai crescendo. Cresce rápido. Mas desde cedo contribuindo para a vida. Produz o elemento que a brisa carrega, que a faz dançar. E tem o prazer de ver que sua obra é levada pra todos os cantos, alcançando platéias inúmeras que não sabem de onde veio aquilo, mas apreciam, sentem, respiram.

E continua balançando a folha. Às vezes é preciso descansar, mas só para de dançar. Por dentro ela sente que as mais fabulosas histórias continuam. As maravilhosas reações que nem mesmo ela entende por que acontecem, nunca param.

A folha vive, se mexe, balança, e uma hora se desprende daquela única parte que a impediu a vida inteira de ser feliz por inteira. Agora ela está livre, e começa a cair. Rodopia, faz os mais belos giros que sempre sonhou. Agora ela é uma bailarina completa, como qual em um salto, expondo todo o seu potencial.

O fim do show está próximo, ela sabe disso. Por isso aproveita todo o momento. Seu companheiro de sempre a ajuda, retribui pela contribuição que ela lhe deu a vida toda. Então o vento amortece sua queda, não quer que nada a aconteça.

Ela cai feliz ao chão, depois do bailado. Ali vai se ver apagar, desfazer e voltar ao início. Vai se tornar inúmeras minúsculas partículas que se reunirão novamente, depois de subir o caminho dos sonhos. Nessa parte o vento não pode interferir. Só aguarda que ela volte, se forme novamente, para que os dois dancem outra vez no mesmo compasso.

Um comentário:

PRECIOSA disse...

AMEI, passar por aqui...
Suas escritas me encantaram
Se permites te sigo com carinho
Tenhas um dia regado de muito amor
Preciosa Maria